Para entender o início do cooperativismo devemos focar o momento em que nossos ancestrais saíram da irracionalidade para a racionalidade. Esta passagem, que ocorreu atrelada com a evolução do raciocínio, foi sem dúvida alavancada pelos processos de caça. Os caçadores, sempre em busca de alimento para a tribo, se uniam, formando a mais primitiva forma de cooperativismo humano conhecida.
Do passado remoto até os dias de hoje podemos denotar uma quantidade enorme de iniciativas cooperativistas que auxiliaram a evolução humana em todas as esferas:
Caça, pesca, obtenção de frutos da natureza e formas rudimentares de agricultura, como postulam atualmente os antropólogos, detinham aspectos de cooperativismo. A arte rupestre nos proporciona um registro comprobatório significativo destas rudimentares formas de cooperativismo.
No inicio da história, com a descoberta da escrita, há registros de formas de cooperativismo.
Na Antiga Babilônia, berço da civilização humana, formas de cooperativismo eram prática corrente. Isto pode ser abstraído de textos cuneiformes e mesmo na primeira epopéia humana conhecida na sua forma “tardia” (século VII A.C.) como é difundida no Ocidente: “A Epopéia de Gilgamesh”.
No Livro de Enoque, texto apócrifo contemporâneo à Bíblia, existe exemplos de cooperativismo na pecuária.
Na Bíblia em diversas passagens vemos menções a práticas cooperativas por vários povos.
Na Índia antiga textos em sânscrito da epopéia Mahâbhârata, de que faz parte o Bhagavad-Gîtâ, os quais foram compilados para a forma atual entre os séculos 5 e 1 a.C., nos trazem indicações de cooperativismo.
No Egito Antigo encontramos exemplos cooperativistas na construção de algumas das pirâmides e monumentos, bem como na produção da agricultura e de artigos artesanais de consumo.
Na Grécia Clássica já existiam formas de cooperação nos campos de trigo e no artesanato devidamente registrados. Aristóteles acreditava que a atividade filosófica cooperativa era capaz de conduzir ao verdadeiro conhecimento.
Na Alta Idade Media a Ordem dos Templários, embora norteada por escopo religioso, gerenciava parcialmente seus bens de modo cooperativista.
Na Baixa Idade Media e inicio do Renascimento, os artesões com suas confrarias que impulsionaram o renascimento do comércio eram essencialmente cooperativistas.
Nas Américas as antigas civilizações Asteca, Maia, Olmeca, Tolteca e outros grupos indígenas (mesmo alguns que subsistem na atualidade) formavam cooperativas de agricultura, caça e pesca.
As Missões Jesuítas na América Latina, inclusive no Brasil, desenvolveram posturas cooperativistas na produção agrícola e mesmo na produção de cultura com suas orquestras, corais, escultores, atores e pintores.
Nas artes temos durante o período Parnasiano o nascimento das Academias, que eram na verdade unidades educacionais voltadas a ensinar das artes a seus alunos. A administração de algumas destas Academias seguiam critérios cooperativistas.
Outro aspecto das artes que teve origem cooperativista são os vernissages. Estes, na sua origem, ocorriam na noite anterior à abertura de uma exposição. Os artistas que iriam expor se reuniam e, com ajuda de outros artistas, davam a última passada de verniz sobre as obras que deveriam ser expostas no dia seguinte. Ajuda mútua é cooperativismo.
O Cooperativismo Moderno, depois de vivenciar uma vasta tradição humana de mais de 10 milênios de historia amplamente documentada, reaparece como uma reação a alguns aspectos da primeira revolução industrial. Surgiram na França e Inglaterra sociedades com características de cooperativas. Tais movimentos foram conduzidos por idealistas, como Robert Owen, Louis Blanc, Charles Fourier, entre outros, que defendiam propostas baseadas nas idéias de ajuda mútua, igualdade, associativismo e auto-gestão. Estes são os mesmos princípios que norteavam as cooperativas da Baixa Idade Média e início do Renascimento. Em 1844 28 tecelões na Inglaterra criaram uma sociedade de consumo, baseada no cooperativismo puro, chamada “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”. Esta sociedade fundamentou os chamados “Princípios Básicos do Cooperativismo”. Na batida do tempo tais conceitos se aperfeiçoaram. Entretanto, no seu cerne manteve: adesão livre e voluntária, gestão democrática pelos cooperados, participação econômica dos membros, autonomia e independência, educação, formação, informação, inter-cooperação e interesse pela comunidade.
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